LULA, PRESO, TRABALHA NA CADEIA

Lula no dia em que se entregou à Polícia Federal, 07/04/2018

No dia 07/04/2018 - há quase um ano atrás - ocorreu a prisão do ex-Presidente Lula, por ordem do então Juiz Sergio Moro. Logo em seguida, como efeito desta mesma Sentença, Lula foi impedido de conceder entrevistas e de concorrer à Presidência da República, além de sofrer graves restrições ao recebimento das visitas a que teria direito. Lula permanece preso, cumprindo sentença em regime fechado, na distante e fria Curitiba, longe de sua família que mora em São Paulo, mesmo tendo 73 anos de idade.

Seu Algoz, por sua vez, largou a magistratura e como “prêmio” se tornou Ministro da Justiça do governo que, sem dívida alguma, contribuiu de forma fundamental para eleger, tomando posse em 01/01/2019 no seu novo cargo, junto com o novo Presidente, tendo sido o primeiro ministro a ser empossado pelo novo Governo.

Lula se encontra hoje preso em Curitiba, onde a Juíza então responsável pela execução penal continuou a impor restrições inaceitáveis e ilegais ao ex-Presidente, tais como, recentemente, a negativa de sair da prisão para acompanhar o enterro de seu irmão Genival Inácio da Silva, falecido em 29/01/2019, contrariando expressamente o que dispõe a Lei de Execução Penal em seu artigo 120, que estabelece que os condenados que cumprem pena em regime fechado poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer o falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão. Milhares de presos em todo o Brasil tiveram o deferimento deste direito, que a Lula foi simplesmente negado.

Entretanto, há um aspecto que precisa urgentemente ser ressaltado: Lula, na prisão, trabalha! E seu trabalho consiste, exatamente, em manter-se preso com dignidade, recebendo as visitas que são permitidas, e sustentando, com sua presença viva, ainda que no cárcere, os ideais pelos quais lutou durante toda a sua vida.

Talvez o governo Brasileiro aceitasse um pedido de extradição de Lula para outro país, coisa que ele jamais encaminhou. Talvez concordasse - dada a natureza política de sua condenação, que se fundamentada unicamente em denúncias de delatores ameaçados de prisão - que em um “acordo” o ex-Presidente ficasse fora da cadeia, caso se retirasse da vida pública. Mas Lula é inteligente e tem vivência suficiente para entender que deverá sair da cadeia, unicamente, pela mesma porta da frente em que entrou, e que enquanto isto não ocorre sua melhor forma de atuação política e social é permanecer encarcerado.

Lula, preso, simboliza a prisão injusta e a exclusão dos mais pobres deste país. Simboliza que é possível erradicar a fome e a miséria, mas que quem está no poder não permite isto. Significa que é possível que pobres frequentem a universidade e se formem, que sejam consumidores de fato, que viagem de avião, que comam três vezes ao dia, que tenham salário e aposentadoria dignos. Em uma palavra: que o Estado, por meio de um governo que abrace tais objetivos, possa torná-los cidadãos de fato, e que se isso não ocorre é porque há interesses que se opõem radicalmente a isto.

Lula, preso, é motivo de mobilização social e mantém seus ideais vivos, como o fez Nelson Mandela na África do Sul há poucas décadas atrás. E Lula, tal como Mandela, não pode ser solto, porque senão o povo o tornará Presidente de novo. Quem o prendeu sabe disso, e por isso, unicamente, o mantém preso, pouco importando quais sejam as acusações, a defesa, as testemunhas e as provas. O que importa, para quem não tolera a ideia de que pobre viva dignamente, é manter Lula preso até o fim. Nada mais importa.

Lula sabe de tudo isso. Experiente, maduro, sabe que seus ideais valem mais do que sua própria vida e, preso, exerce o simbolismo necessário para que toda a luta pelos excluídos permaneça viva.

E o trabalho de Lula dará frutos porque, para desespero de quem o odeia, Lula receberá, muito provavelmente ainda na cadeia, o Prêmio Nobel da Paz, sendo o único brasileiro a conquistar tal feito, porque ousou, até o fim, lutar por quem mais precisava: pelos pobres e excluídos do Brasil.

Publicado no Blog do Gusmão em 03/03/2019.

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