ZÉ DIRCEU E O CIRCO


Da esquerda para a direita: Um militante, José Dirceu, Luciano Anunciação e Everaldo Anunciação

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Ilhéus teve a presença, no dia 18 de janeiro do ano que se inicia, na tenda de circo do Teatro Popular de Ilhéus, do polêmico Zé Dirceu, militante histórico da esquerda e do PT, Zé Dirceu, ex-Ministro da Casa Civil e homem forte do Governo Lula. O evento, sem dúvida tão marcante quanto a própria personalidade de seu protagonista, merece algumas considerações.

A primeira delas diz respeito à enorme e indispensável contribuição que os reacionários de Ilhéus deram para o sucesso do evento. Explico: Após terem pressionado a Academia de Letras de Ilhéus a desmarcar o evento, que inicialmente seria realizado naquele espaço, a pretexto de “reformas”; e depois de alguns legítimos herdeiros do coronelismo terem afirmado que Ilhéus “não é casa de puta” para receber Zé Dirceu, estes legítimos representantes do que há de mais medíocre no coronelismo acabaram por promover enormemente ao evento, mediante a polêmica que suscitaram em torno do mesmo.

Além disso, como foram vendidos mais de 300 livros com a presença de cerca de 300 pessoas, livraram os organizadores de um grave problema de espaço físico, pois apesar da louvável boa vontade inicial da Academia de Letras, seu espaço físico simplesmente não comportaria tal número de pessoas, que ficariam, pelo menos a metade, do lado de fora, sem ouvir Dirceu.

Sem perder mais tempo com os arautos do atraso, vamos às considerações em torno do evento, que passam, inicialmente, pelo reconhecimento acerca da admirável contribuição dos artistas ilheenses Romualdo Pereira, Isidoro Cabeça e Sérgio Nogueira.

Quanto a Zé Dirceu, chamou a atenção a lucidez e conhecimento com que discorreu sobre os últimos 100 anos da história de nosso país. Transitando não só pela política, mas com referências valiosas à economia e à cultura brasileira.

De forma especial, em nossa ótica, ficou gravada a ênfase que colocou na dignificação das pessoas e do processo educativo como saída privilegiada para o desenvolvimento das pessoas, sem o qual o do país fica prejudicado em seu sentido maior. Dirceu defendeu investimento nos excluídos, sobretudo junto aos jovens, para quem é indispensável oferecer, em tempo integral, Educação de qualidade, arte, cultura e esporte, como única forma eficaz de retirá-los das graves influências negativas que agridem nossa juventude na atualidade.

Dirceu também fez uma autocrítica sintética, porém contundente, ao lembrar aos membros de seu Partido acerca da necessidade de voltar às raízes populares e acercar-se do povo. Para bons entendedores, é mais do que substancial.

Para muitos dos que comparecera à tenda de circo do Teatro Popular de Ilhéus naquela memorável noite, ficou a magia e a gratíssima satisfação de, em um espaço popular, encontrar erudição, conteúdo, crítica e autocrítica e, sobretudo, encontrar uma pessoa humana que, com erros e acertos, tenta de todas as formas fazer o que considera ser o melhor para seu país e para o povo brasileiro.

Parafraseando Fernando Pessoa, a expressar-se por seu pseudônimo Álvaro de Campos, na obra Poema em Linha Recta, afirmo: “estou farto de semideuses!” Quero pessoas de carne e ossos, que erram, acertam, erram e tentam de novo, porém sempre querendo, de fato, acertar um dia. Viva a Democracia!

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz

Publicado no Blog do Gusmão em 21/01/2019.

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