INCÊNDIO NA INFÂNCIA E NA CONSCIÊNCIA
Prédio do Museu Nacional na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, um dia após o incêndio |
Quando
criança e durante a juventude, por diversas vezes, tive a felicidade de ir à
Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, para passear em seus Jardins e áreas
verdes, no Zoológico e no Museu Nacional, ali situados.
Na infância,
especialmente para pessoas nascidas e criadas na cidade grande, tal como eu, o
Zoológico fornece lembranças inesquecíveis dos diversos animais, ali sitiados
em triste situação de cativeiro que nossa mente infantil não consegue avaliar,
guardando apenas a feliz lembrança dos exóticos e fascinantes animais, que
somente conhecíamos pela tela da televisão.
Mas a visita
ao Museu Nacional, situado na mesma suntuosa construção edificada na época do
Brasil Imperial que servira de residência para Dom Pedro I, Dom Pedro II e toda
a Família Imperial, também está igualmente arquivada nas telas de minha
infância.
Associada ao
Museu Nacional sobressai a lembrança da múmia egípcia que tive o privilégio de
ver - e de que jamais esquecerei - assim como a sensação estranha provocada em
nós, crianças, pelo fato de que algo tão grandiosos como aquele museu, que
abrigava até mesmo ossadas inteiras de dinossauros montadas em estrutura
suspensa no ar, de tamanho real, pudesse um dia ter sido a casa de alguém,
ainda que este alguém tenha sido nada menos do que uma Família Real.
Assim, a
Quinta da Boa Vista e o Museu Nacional eram muito mais do que um frio e
distante museu, como eles são vistos no imaginário da imensa maioria dos
brasileiros: Era um espaço de curiosidade, de alegria e que inspirava um
inusitado sentimento de felicidade e de respeito, que só a idade adulta
permitiria dimensionar mais adequadamente.
Mas um
incêndio devastador ocorrido em 02 de setembro de 2018 acabou, em poucas horas,
com um acervo de cerca de dois milhões de peças, grande parte delas de
inestimável valor, fruto do trabalho e da dedicação amorosa de milhares de
brasileiros que ali trabalharam durante 200 anos para que aquele acervo
chegasse até nós.
A grande
imprensa com certeza terá mais condições do que este autor para expressar a
grandeza do patrimônio cultural, histórico, artístico e arqueológico
irremediavelmente perdido. Se tiver interesse e um mínimo de ética, também
deverá atribuir a culpa pelo ocorrido às autoridades do Governo Federal que
incendeiam todos os dias os valores e a parte boa da cultura brasileiras ao
tomar atitudes tais como o inacreditável e absurdo congelamento do orçamento
destinado à Educação, saúde e cultura, feito pelo Governo Temer com o voto e o
apoio irrestrito da maioria de Deputados Federais e de Senadores que o apoiam
no Congresso Nacional.
Entretanto,
cabe aqui ressaltar outra dimensão da perda do acervo do Museu Nacional: o
vazio e a amarga e triste sensação que fica em nós brasileiros de ter perdido o
imperdível: parte de nossa identidade, de nossa cultura, de nossa alma, de
nossas melhores e mais felizes lembranças, tristemente queimadas na fogueira de
uma conduta político-administrativa criminosa.
O incêndio do
Museu Nacional tem, com o holocausto da perda que nos é imposta a todos, mais
uma função histórico-cultural e social da maior relevância: mostrar a
nocividade criminosa do governo Temer e dos Deputados e Senadores que o apoiam,
assim como a necessidade de nós, brasileiros, os deixarmos queimar no monturo
de lixo em que eles se constituem como agentes político-administrativos.
Publicado no site Ilhéus24h em 03/09/2018.
Publicado no site Ilhéus24h em 03/09/2018.
É Julio nunca tive Idéia que a gente tinha uma riqueza tao grande entre quatro paredes.
ResponderExcluirVivo aqui alheia aos acontecimentos no Brasil nao por desinteresse mas por falta de confianca nos canais de transmissao.
Mas, realmente este acaso me lembra que perdi algo que nao sabia ter e que teria gostado muito de tê-lo conhecido porque a Historia de uma cultura é a única coisa que fica para sempre e o Passado é Presente e Futuro.
Eu sinto muito pela perda do Povo brasileiro e ao mesmo tempo fico Feliz por voce ter tido a oportunidade de conhecer este paraiso cultural. talvez venha dai seu interesse pela história entao, meus pêsames pela tua perda pessoal.
Quanto a politica, nao tenho como comentar, a 25 anos a Europa é o meu parlamento é a minha politica.
Que ninguem neste mundo precisa desse Temer está provado mas eu prefiro calar.
liebe grüße
zeze