A IMBECILIDADE É INCOMPATÍVEL COM O PROGRESSO



Estes últimos tempos de vivência no Brasil nos têm proporcionados lições duras, ácidas, porém preciosíssimas, que convém, a bem de nós mesmos, aprendermos definitivamente, aplicando-as em nossas vidas, para não andarmos de marcha à ré.
Uma delas é o altíssimo custo que a imbecilidade, tanto individual como coletiva, está trazendo e trará para cada um de nós, se não for combatida, debelada, ultrapassada.
Vimos o ideólogo de extrema direita Olavo de Carvalho e setores ligados a grupos religiosos indicarem, ente muitos outros, alguns nomes desastrosos para compor o Primeiro Escalão da Administração Pública Federal, que iniciaram suas gestões juntamente com o Presidente Bolsonaro, em 1º de janeiro de 2019. Vejamos:
- Damares Alves, Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que após pavimentar sua ascensão com manifestações tais como aquela em que diz que conversou pessoalmente com Jesus em cima de uma goiabeira continua, como Ministra, se atribuindo mestrados "autoreconhecidos" (sem que o sejam por nenhuma instituição de ensino), e trazendo para o cotidiano questões irrelevantes e, não raro, risíveis ou ridículas, tais como a polêmica em torno do azul e rosa.
- Ernesto Araújo, Ministro das Relações Exteriores, que classifica o aquecimento global como "uma invenção marxista", que a culpa é da "globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural" e, ainda, que somente o atual presidente de extrema direita dos EUA pode nos salvar: "somente Trump pode ainda salvar o Ocidente".
- Ricardo Vélez-Rodríguez, Ministro da Educação que, num rasgo de reacionarismo, se declarou favorável ao retorno da Monarquia ao Brasil e que recentemente tentou fazer com que os professores de todo o Brasil lessem o tema da campanha eleitoral de Bolsonaro no primeiro dia de aula, e ainda filmassem e divulgassem imagens de alunos sem autorização dos pais, ambos atos expressamente proibidos por lei.
Como as manifestações da imbecilidade estão na moda, não se pode esquecer as do líder maior no campo das asneiras, nosso atual Presidente da República, tais como as declarações contrárias ao governo da China que azedaram as relações comerciais com o Brasil e levaram os chineses a preferir, em 2019, voltar a comprar soja dos EUA, fazendo com que o Brasil perdesse bilhões de dólares em exportações, entre dezenas de outras sandices que aqui poderiam ser citadas.
Não coloquemos, porém, o peso das asneiras nossas de cada dia tão-somente sobre os mandatários de nosso país. Nós, cidadãos comuns, também temos contribuído muitíssimo para o império dos impropérios e dos absurdos que hoje azedam nossas vidas. E fazemos isso todas as vezes que incorporamos e externamos posturas machistas, homofóbicas, misóginas, preconceituosas, xenófobas, carentes de base científica, e outras do mesmo gênero, que são fundamentais para que a ignorância reine nós.
Houve um tempo na humanidade em que nossa ignorância causava menos estragos. Morávamos no campo, carregávamos lenha para fazer fogo, pastoreávamos animais, viajávamos a pé e para causarmos destruição possuíamos apenas instrumentos como espadas e machados. Os efeitos de nossa ignorância eram limitados por nossa primariedade tecnológica.
Porém hoje em dia qualquer um de nós consegue ter acesso a uma arma de fogo automática (fuzil), da qual frequentemente se faz mal uso. Dispomos de veículos velozes que tanto transportam como matam. Temos ao nosso alcance drogas poderosas que podem atuar muito deleteriamente sobre o corpo e o meio ambiente. Comunicamo-nos com milhares ou mesmo milhões de pessoas ao mesmo tempo e as influenciamos, muitas vezes de forma negativa. E nossos governantes, em uma decisão equivocada, podem, simplesmente, destruir o planeta, matando instantaneamente bilhões de seres humanos.
A ignorância, mais do que nunca, é um perigo, um entrave, um risco ampliado exponencialmente por nossa capacidade tecnológica, que parece estar mais avançada para destruir do que para salvar vidas.
Não é exagero: ignorância mata! Com moderníssimos aviões de guerra, com potentes agrotóxicos, com armas de fogo em mãos erradas, com carros dirigidos por pessoas em estado de embriaguez, enraizada na mente daqueles que não admitem o fim de um simples relacionamento sexual ou afetivo e se julgam no direito de assassinar a(o) ex com requintes de crueldade.
O combate à ignorância, em suas diversas formas de manifestação, deve ser uma prioridade humana, a começar por cada um de nós, até atingir a todos, sem exceção.

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