FELIZ PÓS CARNAVAL EM 2020

Acabou o carnaval no Brasil, e especialmente na Bahia, então vamos à luta!
É hora de voltarmos a enfrentar nossos desafios, com a energia renovada pela irreverência do Rei Momo.
Temos de recompor as finanças! Acabamos gastando mais do que devíamos ou, para muitos, deixando de ganhar dinheiro por vários dias seguidos, e faz-se necessário reforçar o orçamento com trabalho honesto.
Temos de recompor a casa, que ficou fechada quando viajamos ou desarrumada pelas pequenas negligências permitidas nos feriados, quando as heroicas donas de casa – que incrivelmente trabalham sem remuneração em pleno Século XXI – afrouxam um pouco sua disciplina nas tarefas cotidianas.
Alguns têm também que tentar recompor sua relação afetiva, já que o pulo de cerca, ou aquele sumiço misterioso, deixaram uma sequela bem pior do que a ressaca de uma quarta-feira de cinzas…
Temos de voltar aos treinos, na academia, no futebol, na malhação, na bike, para queimar as calorias ruins que adicionamos ao corpo em nossos excessos carnavalescos.
Igualmente, temos de voltar à dieta, esquecendo a cerveja, o fast food, a merenda ou lanche improvisado, os excessos no álcool e, para muitos, em outras substâncias também…
Temos de voltar a lutar por nossos postos de trabalho, que escasseiam a cada dia, enquanto o desemprego ou subemprego continuam altos, em direção à estratosfera.
Mas sobretudo, neste pós-carnaval, temos de voltar a lutar desesperadamente pela nossa Democracia, pela nossa liberdade, pelos nossos direitos constitucionais, que são o que possibilita que eu possa escrever e publicar este artigo, que você possa recebê-lo, lê-lo e, logo em seguida, caso deseje, se manifestar publicamente, seja dizendo que achou uma porcaria, ou que o texto é maravilhoso!
E para termos Democracia, liberdades, direitos, precisamos ter um Congresso Nacional aberto e funcionando, ainda que não nos represente bem. Precisamos ter o Supremo Tribunal Federal aberto e julgando, mesmo que de forma lenta. Precisamos de respeito às leis e à Constituição, mesmo que não sejam as melhores do mundo. Precisamos de saúde, educação e segurança pública funcionando também, mesmo que seja com a precariedade que tanto nos incomoda.
Não caia na falácia de que um homem forte à frente do governo, concentrando toda a autoridade e poderes, resolverá tudo. A História nos mostra, insistentemente, que quando o poder se concentra em uma só pessoa os abusos acontecem, a opressão recrudesce, os direitos perecem e os mais humildes sofrem muito mais. É justamente por esse motivo que nos tempos de hoje não temos mais reis nem imperadores, e sim pessoas com limites impostos pela Lei, durante o exercício de seus cargos públicos.
Não existem fórmulas mágicas. Somente o trabalho, o respeito às leis e a convivência em uma sociedade que seja e se mantenha democrática serão capazes de assegurar o ambiente de respeito necessário ao progresso individual e coletivo.
O autoritarismo, as ditaduras, a falta de limites no exercício do poder são perigosas ilusões, que passam assim como passou o carnaval, só que deixando sequelas muito, muito graves e severas, ao invés de momentos de alegria.
Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz.
Publicado no Blog do Gusmão em 26/02/2020.

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